Fatores que afetam os resultados a longo prazo do tratamento endodôntico.
- Endotoday
- 25 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de set. de 2020
Este é o titulo do artigo mais citado no Journal of Endodontics apesar de ser um artigo de 1990, continua mais atual que nunca.
Aqui nos citamos a expectativa de sucesso do tratamento endodôntico versus a realidade( link esta aqui), e notamos que dependendo da formação do profissional os índices de sucesso aumenta mas chega a um patamar que é atualmente está muito difícil de ser superado. Mesmo com toda a tecnologia embarcada hoje na endodontia e todo conhecimento adquirido ao longo deste últimos 40 anos será que o índice de sucesso alterou ? Muitos vão responder que sim que toda essa tecnologia contribuiu muito para evolução que poderíamos citar:
1978 - Marshal e Papan pela técnica de Oregon
1980 - Abous- Ras pelo desgaste anti-curvatura
1982 - Goerig - Técnica de Goerig
1988 - Introdução do primeiro cimento a base de hidróxido de Cálcio
1988 - Introdução das ligas de NiTi por Walia
1992 - Nascimento dos sistemas rotatórios em NiTi por John Mac Spadden
1992 - Introdução do microscópio operatório por Gary Carr.
1997 - Ressurgimento do ultrassom na Endodontia
1998 - Introdução da tomografia computadorizada na endodontia.
2000 - Aprovação da articaína pela FDA.
2005 - Surgimentos nas variações da liga de NiTi
2008 - Introdução do conceito de Glide Path por James West
2010 - Introdução do movimentos oscilatorios não recíprocos (erroneamente chamado de reciprocante)
2014 - Nova classificação sobre diagnóstico pela A.A.E ( Associação Americana de Endodontia)
2016 - Chegada de um novo processo de usinagem da limas pelo processo de electro-erosão pela Hyflex EDM
2018 - Chegamos a oito variações de liga de NiTi
2020 - LEAP
2021 - ?
São muitas evoluções tecnológicas então com certeza esses índices aumentaram em muito ao longo destes 40 anos mas será?
No referido artigo de 1990 os autores disseram que a influência de vários fatores que podem afetar o resultado da terapia de canal radicular e para isso foram avaliadas 356 pacientes 8 a 10 anos após o tratamento. Os resultados do tratamento foram diretamente dependentes do status pré-operatório da polpa e dos tecidos periapicais. A taxa de sucesso para casos com polpas vitais ou não vitais, mas sem radiolucência periapical excedeu 96%, enquanto apenas 86% dos casos com necrose pulpar e radiolucência periapical apresentaram cicatrização apical. A possibilidade de instrumentar todo o canal radicular e o nível de preenchimento radicular afetaram significativamente o resultado do tratamento. De todas as lesões periapicais presentes em dentes previamente tratados, apenas 62% cicatrizaram após o retratamento.
Este estudo mostra que dentes sem lesões periapicais não constituem um problema terapêutico, pois mais de 96% desses dentes foram tratados com sucesso. No outro lado, dentes com necrose pulpar e lesões periapicais e aqueles com lesões periapicais submetidas a retratamento constituem grandes problemas terapêuticos, como pode ser observado na parte inferior taxas de sucesso de apenas 86 e 62%, respectivamente. A previsibilidade do resultado do tratamento para casos individuais dentro esses grupos foram considerados baixos. Isso indica que pode haver falta de informação sobre fatores críticos para resultado do tratamento. É provável que a persistência de bactérias em locais inacessíveis aos procedimentos de amostragem bacteriana podem um fator de importância que merece mais investigação.


Agora se comparamos a taxa de sucesso mais próxima publicada é a da Associação Europeia de Endodontia podemos observar que as taxas são muitos próximas.
Então a tecnologia embarcada hoje a endodontia permitiu uma endodontia mais rápida, segura e principalmente com menos estresse tanto para o profissional como para o paciente mas não influenciou no aumento do sucesso endodôntico, a previsibilidade dos sinais clínicos e radiográficos do resultado do tratamento em casos com lesões periapicais pré-operatórias ainda é um desafio. O perigo é de só apoiar na tecnologia atual deixando as bases de conhecimentos em segundo plano. É muito comum, principalmente em rede sociais, alguns profissionais descrevendo o uso de um equipamento tecnológico de última geração mas esquecendo de conceitos básicos de microbiologia, biossegurança ou de anatomia.O equilibrio sempre é bem vindo. Assim, como fatores que não foram medidos ou identificados podem ser críticos para o resultado do tratamento endodôntico.
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