Reabsorções Dentárias: Entenda os Mecanismos de Forma Simples e Clara
- Endotoday
- 12 de jun.
- 3 min de leitura
Reabsorções Dentárias: Entenda os Mecanismos de Forma Simples e Clara
Você sabia que é possível um dente aparentemente saudável começar a "sumir" pela raiz, mesmo sem dor? Isso acontece por causa de um processo chamado reabsorções dentárias, que podem ocorrer por diferentes motivos. Entenda de maneira didática os três principais tipos:
1️⃣ Reabsorção por União (Anquilose Alveolodentária):
Normalmente, o dente fica separado do osso por uma fina membrana (membrana periodontal), onde há células chamadas "restos epiteliais de Malassez". Essas células liberam uma substância (EGF - fator de crescimento epitelial) que mantém o osso e o dente afastados por uma distância segura (0,2 a 0,4mm), impedindo o contato direto entre eles.
Mas, se ocorrer um trauma (quedas, esportes, acidentes, lutas, cirurgias dentárias ou até hábitos como abrir garrafas com os dentes), essa membrana pode ser rompida, permitindo que o osso toque diretamente na raiz do dente. Esse contato direto provoca uma fusão conhecida como anquilose alveolodentária. Com o tempo, dente e osso se renovam conjuntamente até o dente desaparecer completamente, restando apenas o osso no local. Um exemplo similar em nosso organismo ocorre quando ossos fraturados se regeneram, fundindo-se novamente.

2️⃣ Reabsorção por Exposição (Inflamatória e Interna):
A reabsorção por exposição pode acontecer de várias formas, todas relacionadas à exposição da dentina (estrutura interna do dente) ao sistema imunológico.
Na reabsorção inflamatória apical, quando a polpa dentária morre devido a infecções bacterianas, toxinas saem pela raiz e destroem as células protetoras da raiz (cementoblastos). Esses cementoblastos normalmente cobrem a raiz, protegendo-a e mantendo-a "escondida" do corpo. Sem eles, a raiz fica exposta ao sistema imunológico, que então ativa células especializadas chamadas osteoclastos para remover lentamente essa estrutura estranha.
Reabsorção Apical A reabsorção interna ocorre devido a pequenos traumas internos (como solavancos ou concussões dentárias), que deslocam células internas (odontoblastos) e deixam a dentina exposta por dentro do canal, resultando numa destruição progressiva e silenciosa da estrutura interna.
Reabsorções internas múltiplas A reabsorção cervical externa acontece próxima à gengiva, onde pequenos defeitos na junção entre o esmalte e o cemento podem ser expostos por traumatismos locais, inflamação ou irritação crônica. Essa exposição também aciona a resposta imunológica, resultando na destruição da dentina e cemento.

Um exemplo em nosso organismo semelhante a esse processo é quando bactérias penetram na pele por feridas, ativando o sistema imunológico que causa inflamação para combater a infecção.
3️⃣ Reabsorção Fisiológica (Natural dos Dentes Decíduos):
Este tipo é um processo totalmente natural e planejado do organismo, ocorrendo nos dentes de leite (decíduos). Assim que esses dentes são completamente formados, suas células recebem um sinal para iniciar um processo de morte celular programada (apoptose), comandado pelo gene p53. Isso expõe gradualmente a estrutura mineralizada do dente, que passa a ser reabsorvida naturalmente pelo corpo. A rizólise decídua permite que os dentes permanentes tenham espaço para nascer corretamente.
Um exemplo semelhante ocorre em outras áreas do corpo humano, como durante o desenvolvimento embrionário, onde dedos inicialmente unidos se separam devido à apoptose programada entre as membranas interdigitais.

👉 Fique atento! Traumatismos dentários são os principais causadores das reabsorções não fisiológicas. Consultas periódicas ao dentista são essenciais para diagnosticar precocemente essas condições e garantir a saúde dos seus dentes.
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Nos próximos posts vamos descrever como é a conduta clínica para tratar cada tipo de reabsorção.
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