Anestesia local: como evitar interações medicamentosas durante tratamentos endodônticos.
- Endotoday

- 11 de mai. de 2023
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de dez.
Como profissional da área de saúde bucal, você provavelmente já está familiarizado com a administração de anestesia local para realizar procedimentos endodônticos. No entanto, é importante lembrar que os medicamentos que seus pacientes tomam regularmente podem interagir com os anestésicos locais e afetar a segurança ou até a eficácia do tratamento.
Interromper temporariamente o uso de alguns medicamentos pode ser necessário para evitar efeitos indesejados, mas isso não é sempre possível ou recomendado. Por isso, é fundamental que você esteja atualizado sobre quais medicamentos podem interferir com os anestésicos locais e quais cuidados tomar para garantir a segurança.
Qual anestésico mais usado na endodontia?
A articaína é o anestésico mais eficiente para ser usados nos procedimentos endodonticos.
Quais são as suas possíveis interações?
Aqui está uma lista de medicamentos que podem interferir no efeito do anestésico articaína:
Anti-hipertensivos, como betabloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), podem prolongar a duração da anestesia e aumentar o risco de hipotensão.
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), como fluoxetina e sertralina, podem aumentar o risco de síndrome serotoninérgica quando usados em combinação com anestésicos locais.
Bloqueadores dos canais de cálcio, como amlodipina e verapamil, podem interferir na absorção e metabolismo do anestésico local.
Medicamentos antiepilépticos, como carbamazepina e fenitoína, podem reduzir a eficácia do anestésico local.
Antipsicóticos, como a clozapina e a olanzapina, podem aumentar a duração e intensidade da anestesia local.
Benzodiazepínicos, como diazepam e lorazepam, podem aumentar o risco de sedação quando usados em combinação com anestésicos locais.
Anfetaminas e estimulantes do sistema nervoso central (SNC), como metanfetamina e cocaína, podem aumentar o risco de toxicidade do anestésico local devido à atividade do SNC.
Em outros anestésicos?
Aqui está uma tabela das interações medicamentosas conhecidas com os principais tipos de anestésicos locais:
Tipo de anestésico local | Exemplos | Medicamentos que podem interferir |
Articaína | Septanest, Ultracain | Anti-hipertensivos, ISRS, bloqueadores dos canais de cálcio, medicamentos antiepilépticos, antipsicóticos, benzodiazepínicos, anfetaminas e estimulantes do SNC |
Lidocaína | Xylocaina, Alphacaine | Antiarrítmicos, betabloqueadores, cimetidina, mexiletina, fenitoína, quinidina |
Bupivacaína | Marcaine, Sensorcaine | Bloqueadores dos canais de cálcio, medicamentos antiarrítmicos |
Mepivacaína | Carbocaína, Scandonest | Betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, cimetidina |
Prilocaína | Citanest | Bloqueadores dos canais de cálcio, betabloqueadores, outros anestésicos locais |
É importante lembrar que esta tabela é apenas uma referência e que outros medicamentos podem interferir com a ação dos anestésicos locais.
Quais os cuidados que o endodontista deve tomar?
Os Endodontistas devem tomar os seguintes cuidados para evitar possíveis efeitos indesejados dos anestésicos locais e suas interações com outros medicamentos:
Revisão do histórico médico e medicamentoso do paciente: O Endodontista deve revisar o histórico médico e medicamentoso do paciente antes de administrar a anestesia local para identificar possíveis interações medicamentosas e outros fatores que possam afetar a segurança e eficácia do procedimento.
Escolha cuidadosa do anestésico local: O Endodontista deve escolher o anestésico local mais apropriado para cada caso, levando em consideração a condição médica do paciente e possíveis interações medicamentosas.
Dosagem adequada: O Endodontista deve administrar a dose adequada do anestésico local, levando em consideração a idade, peso e estado geral de saúde do paciente.
Monitoramento do paciente: O Endodontista deve monitorar o paciente durante o procedimento para detectar quaisquer sinais de reação adversa, como hipotensão, hipertensão, taquicardia, bradicardia, náusea, vômito, alergia e outros efeitos colaterais.
Uso de equipamentos de emergência: O Endodontista deve ter à disposição equipamentos de emergência, como oxigênio, desfibrilador e medicamentos para reverter possíveis reações adversas.
Orientações pós-procedimento: O Endodontista deve fornecer orientações claras e precisas para o paciente sobre o que fazer em caso de qualquer sintoma de reação adversa após o procedimento.
Atualização constante: O Endodontista deve manter-se atualizado sobre as informações mais recentes sobre anestesia local e interações medicamentosas para garantir a segurança e eficácia do tratamento.
Conclusão:
Espero que estas informações tenham sido úteis para você entender como os medicamentos podem interagir com os anestésicos locais e quais são os cuidados que o Endodontista deve tomar para garantir a segurança e eficácia do tratamento. A saúde bucal é fundamental para a saúde geral do corpo, por isso é importante procurar um Endodontista qualificado e confiável para cuidar dos seus dentes e da sua saúde bucal.
Fluxograma Clínico — Anestesia local e interações medicamentosas em endodontia
1. Anamnese e revisão medicamentosa
Perguntar todos os medicamentos em uso (nome, dose, horário, motivo).
Investigar doenças cardiovasculares, psiquiátricas, endócrinas, hepáticas e renais.
Identificar uso de: betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, inibidores da MAO, antipsicóticos, ansiolíticos, anticoagulantes, anti-hipertensivos.
2. Classificação do risco do paciente
Baixo risco: paciente estável, sem doença sistêmica relevante, sem medicações críticas.
Risco moderado: hipertenso controlado, cardiopata estável, uso de múltiplas medicações.
Alto risco: hipertensão descontrolada, arritmias importantes, história de IAM recente, uso de fármacos com alta interação (ex.: alguns antidepressivos tricíclicos + vasoconstritor).
3. Escolha do tipo de anestésico
Paciente de baixo risco:
Anestésico com vasoconstritor em dose reduzida (volume mínimo necessário).
Paciente de risco moderado:
Preferir menor concentração de vasoconstritor e limitar o número de tubetes.
Paciente de alto risco ou com medicação crítica:
Considerar anestésico sem vasoconstritor ou com vasoconstritor em quantidade extremamente limitada, sempre com avaliação médica prévia quando necessário.
4. Planejamento da dose e técnica
Calcular a menor dose eficaz para o procedimento endodôntico planejado.
Preferir técnicas que reduzam o número de punções (ex.: bloqueios bem executados).
Evitar infiltrações desnecessárias ou repetitivas por falha técnica.
5. Técnica de aplicação segura
Aspirar sempre antes de injetar para evitar injeção intravascular.
Injetar lentamente, observando a resposta do paciente.
Manter diálogo durante o procedimento para perceber sinais de mal-estar precoce.
6. Monitorização durante o procedimento
Observar: fácies, fala, sudorese, tremores, taquicardia, sensação de desmaio.
Em pacientes de maior risco, medir pressão e frequência cardíaca antes e depois da anestesia.
7. Conduta diante de sinal de possível interação ou toxicidade
Interromper imediatamente a aplicação.
Colocar o paciente em posição confortável, monitorar sinais vitais.
Avaliar necessidade de oxigênio suplementar.
Se houver sinais de reação sistêmica importante (alteração de consciência, convulsão, dor torácica, dispneia):
Acionar atendimento de emergência.
Seguir protocolos de suporte básico de vida.
8. Registro e comunicação
Registrar no prontuário:
Medicamentos em uso.
Anestésico escolhido, dose total, presença ou não de vasoconstritor.
Eventos adversos, se ocorrerem, e conduta adotada.
Comunicar ao médico responsável quando houver dúvida ou evento relevante.
Perguntas Frequentes (FAQ) sobre Anestesia Local e Interações Medicamentosas em Endodontia
Por que é importante revisar a medicação do paciente antes da anestesia local?
Porque alguns medicamentos podem interagir com anestésicos ou vasoconstritores, alterando sua eficácia, aumentando o risco de efeitos cardiovasculares, ou potencializando reações adversas.
Quais classes de medicamentos podem interagir com anestésicos locais?
Betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, inibidores da MAO, antipsicóticos, estimulantes do sistema nervoso central, benzodiazepínicos e medicamentos que alteram o metabolismo hepático podem modificar a resposta ao anestésico ou ao vasoconstritor.
O vasoconstritor aumenta o risco de interação medicamentosa?
Sim. Vasoconstritores como adrenalina podem intensificar efeitos cardiovasculares quando combinados com certas medicações, exigindo seleção cuidadosa do anestésico.
Quando é indicado usar anestésico sem vasoconstritor?
Quando o paciente utiliza medicamentos que afetam o sistema cardiovascular, possui hipertensão descontrolada, arritmias, usa inibidores da MAO ou betabloqueadores não seletivos. Nesses casos, soluções sem vasoconstritor podem ser mais seguras.
É necessário suspender algum medicamento antes da anestesia odontológica?
Raramente. A maior parte das interações não exige suspensão da medicação. Ajustes só são recomendados em casos específicos, quando o risco é elevado e há orientação médica.
Quais cuidados reduzem o risco de interações e complicações?
Realizar anamnese completa, usar a menor dose eficaz, aspirar antes da injeção para evitar administração intravascular, monitorar sinais vitais, escolher o tipo de anestésico conforme o perfil do paciente e evitar vasoconstritor quando indicado.





Comentários