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Anestesia local: como evitar interações medicamentosas durante tratamentos endodônticos.

Atualizado: 5 de dez.

Como profissional da área de saúde bucal, você provavelmente já está familiarizado com a administração de anestesia local para realizar procedimentos endodônticos. No entanto, é importante lembrar que os medicamentos que seus pacientes tomam regularmente podem interagir com os anestésicos locais e afetar a segurança ou até a eficácia do tratamento.

Interromper temporariamente o uso de alguns medicamentos pode ser necessário para evitar efeitos indesejados, mas isso não é sempre possível ou recomendado. Por isso, é fundamental que você esteja atualizado sobre quais medicamentos podem interferir com os anestésicos locais e quais cuidados tomar para garantir a segurança.


Qual anestésico mais usado na endodontia?


A articaína é o anestésico mais eficiente para ser usados nos procedimentos endodonticos.


Quais são as suas possíveis interações?


Aqui está uma lista de medicamentos que podem interferir no efeito do anestésico articaína:

  1. Anti-hipertensivos, como betabloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), podem prolongar a duração da anestesia e aumentar o risco de hipotensão.

  2. Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), como fluoxetina e sertralina, podem aumentar o risco de síndrome serotoninérgica quando usados ​​em combinação com anestésicos locais.

  3. Bloqueadores dos canais de cálcio, como amlodipina e verapamil, podem interferir na absorção e metabolismo do anestésico local.

  4. Medicamentos antiepilépticos, como carbamazepina e fenitoína, podem reduzir a eficácia do anestésico local.

  5. Antipsicóticos, como a clozapina e a olanzapina, podem aumentar a duração e intensidade da anestesia local.

  6. Benzodiazepínicos, como diazepam e lorazepam, podem aumentar o risco de sedação quando usados ​​em combinação com anestésicos locais.

  7. Anfetaminas e estimulantes do sistema nervoso central (SNC), como metanfetamina e cocaína, podem aumentar o risco de toxicidade do anestésico local devido à atividade do SNC.


Em outros anestésicos?


Aqui está uma tabela das interações medicamentosas conhecidas com os principais tipos de anestésicos locais:


Tipo de anestésico local

Exemplos

Medicamentos que podem interferir

Articaína

Septanest, Ultracain

Anti-hipertensivos, ISRS, bloqueadores dos canais de cálcio, medicamentos antiepilépticos, antipsicóticos, benzodiazepínicos, anfetaminas e estimulantes do SNC

Lidocaína

Xylocaina, Alphacaine

Antiarrítmicos, betabloqueadores, cimetidina, mexiletina, fenitoína, quinidina

Bupivacaína

Marcaine, Sensorcaine

Bloqueadores dos canais de cálcio, medicamentos antiarrítmicos

Mepivacaína

Carbocaína, Scandonest

Betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, cimetidina

Prilocaína

Citanest

Bloqueadores dos canais de cálcio, betabloqueadores, outros anestésicos locais

É importante lembrar que esta tabela é apenas uma referência e que outros medicamentos podem interferir com a ação dos anestésicos locais.


Quais os cuidados que o endodontista deve tomar?

Os Endodontistas devem tomar os seguintes cuidados para evitar possíveis efeitos indesejados dos anestésicos locais e suas interações com outros medicamentos:

  1. Revisão do histórico médico e medicamentoso do paciente: O Endodontista deve revisar o histórico médico e medicamentoso do paciente antes de administrar a anestesia local para identificar possíveis interações medicamentosas e outros fatores que possam afetar a segurança e eficácia do procedimento.

  2. Escolha cuidadosa do anestésico local: O Endodontista deve escolher o anestésico local mais apropriado para cada caso, levando em consideração a condição médica do paciente e possíveis interações medicamentosas.

  3. Dosagem adequada: O Endodontista deve administrar a dose adequada do anestésico local, levando em consideração a idade, peso e estado geral de saúde do paciente.

  4. Monitoramento do paciente: O Endodontista deve monitorar o paciente durante o procedimento para detectar quaisquer sinais de reação adversa, como hipotensão, hipertensão, taquicardia, bradicardia, náusea, vômito, alergia e outros efeitos colaterais.

  5. Uso de equipamentos de emergência: O Endodontista deve ter à disposição equipamentos de emergência, como oxigênio, desfibrilador e medicamentos para reverter possíveis reações adversas.

  6. Orientações pós-procedimento: O Endodontista deve fornecer orientações claras e precisas para o paciente sobre o que fazer em caso de qualquer sintoma de reação adversa após o procedimento.

  7. Atualização constante: O Endodontista deve manter-se atualizado sobre as informações mais recentes sobre anestesia local e interações medicamentosas para garantir a segurança e eficácia do tratamento.



Conclusão:


Espero que estas informações tenham sido úteis para você entender como os medicamentos podem interagir com os anestésicos locais e quais são os cuidados que o Endodontista deve tomar para garantir a segurança e eficácia do tratamento. A saúde bucal é fundamental para a saúde geral do corpo, por isso é importante procurar um Endodontista qualificado e confiável para cuidar dos seus dentes e da sua saúde bucal.



Fluxograma Clínico — Anestesia local e interações medicamentosas em endodontia

1. Anamnese e revisão medicamentosa

  • Perguntar todos os medicamentos em uso (nome, dose, horário, motivo).

  • Investigar doenças cardiovasculares, psiquiátricas, endócrinas, hepáticas e renais.

  • Identificar uso de: betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, inibidores da MAO, antipsicóticos, ansiolíticos, anticoagulantes, anti-hipertensivos.

2. Classificação do risco do paciente

  • Baixo risco: paciente estável, sem doença sistêmica relevante, sem medicações críticas.

  • Risco moderado: hipertenso controlado, cardiopata estável, uso de múltiplas medicações.

  • Alto risco: hipertensão descontrolada, arritmias importantes, história de IAM recente, uso de fármacos com alta interação (ex.: alguns antidepressivos tricíclicos + vasoconstritor).

3. Escolha do tipo de anestésico

  • Paciente de baixo risco:

    • Anestésico com vasoconstritor em dose reduzida (volume mínimo necessário).

  • Paciente de risco moderado:

    • Preferir menor concentração de vasoconstritor e limitar o número de tubetes.

  • Paciente de alto risco ou com medicação crítica:

    • Considerar anestésico sem vasoconstritor ou com vasoconstritor em quantidade extremamente limitada, sempre com avaliação médica prévia quando necessário.

4. Planejamento da dose e técnica

  • Calcular a menor dose eficaz para o procedimento endodôntico planejado.

  • Preferir técnicas que reduzam o número de punções (ex.: bloqueios bem executados).

  • Evitar infiltrações desnecessárias ou repetitivas por falha técnica.

5. Técnica de aplicação segura

  • Aspirar sempre antes de injetar para evitar injeção intravascular.

  • Injetar lentamente, observando a resposta do paciente.

  • Manter diálogo durante o procedimento para perceber sinais de mal-estar precoce.

6. Monitorização durante o procedimento

  • Observar: fácies, fala, sudorese, tremores, taquicardia, sensação de desmaio.

  • Em pacientes de maior risco, medir pressão e frequência cardíaca antes e depois da anestesia.

7. Conduta diante de sinal de possível interação ou toxicidade

  • Interromper imediatamente a aplicação.

  • Colocar o paciente em posição confortável, monitorar sinais vitais.

  • Avaliar necessidade de oxigênio suplementar.

  • Se houver sinais de reação sistêmica importante (alteração de consciência, convulsão, dor torácica, dispneia):

    • Acionar atendimento de emergência.

    • Seguir protocolos de suporte básico de vida.

8. Registro e comunicação

  • Registrar no prontuário:

    • Medicamentos em uso.

    • Anestésico escolhido, dose total, presença ou não de vasoconstritor.

    • Eventos adversos, se ocorrerem, e conduta adotada.

  • Comunicar ao médico responsável quando houver dúvida ou evento relevante.


Perguntas Frequentes (FAQ) sobre Anestesia Local e Interações Medicamentosas em Endodontia

Por que é importante revisar a medicação do paciente antes da anestesia local?

Porque alguns medicamentos podem interagir com anestésicos ou vasoconstritores, alterando sua eficácia, aumentando o risco de efeitos cardiovasculares, ou potencializando reações adversas.

Quais classes de medicamentos podem interagir com anestésicos locais?

Betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, inibidores da MAO, antipsicóticos, estimulantes do sistema nervoso central, benzodiazepínicos e medicamentos que alteram o metabolismo hepático podem modificar a resposta ao anestésico ou ao vasoconstritor.

O vasoconstritor aumenta o risco de interação medicamentosa?

Sim. Vasoconstritores como adrenalina podem intensificar efeitos cardiovasculares quando combinados com certas medicações, exigindo seleção cuidadosa do anestésico.

Quando é indicado usar anestésico sem vasoconstritor?

Quando o paciente utiliza medicamentos que afetam o sistema cardiovascular, possui hipertensão descontrolada, arritmias, usa inibidores da MAO ou betabloqueadores não seletivos. Nesses casos, soluções sem vasoconstritor podem ser mais seguras.

É necessário suspender algum medicamento antes da anestesia odontológica?

Raramente. A maior parte das interações não exige suspensão da medicação. Ajustes só são recomendados em casos específicos, quando o risco é elevado e há orientação médica.

Quais cuidados reduzem o risco de interações e complicações?

Realizar anamnese completa, usar a menor dose eficaz, aspirar antes da injeção para evitar administração intravascular, monitorar sinais vitais, escolher o tipo de anestésico conforme o perfil do paciente e evitar vasoconstritor quando indicado.



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