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Displasia Cemento Óssea Periapical : Diagnóstico, Radiografia, Diferenciais e Conduta Clínica — Guia Completo

Atualizado: há 2 dias



Displasia Cemento Óssea Periapical


Displasia cemento-óssea é um dos diagnósticos mais confundidos na prática clínica. A maioria dos erros ocorre porque suas manifestações radiográficas podem simular infecções endodônticas, levando a tratamentos desnecessários, retratamentos e até cirurgias sem indicação.

Antes de qualquer instrumentação ou decisão invasiva, o clínico precisa reconhecer os padrões evolutivos da DCO, entender seus estágios e dominar o diagnóstico diferencial com lesões periapicais de origem inflamatória.

Este guia apresenta uma abordagem clara, baseada em evidências, para que você identifique a DCO com segurança e evite condutas equivocadas.



Definição:


A Displasia Cemento Óssea Periapical (DCOP) é uma condição fibro-óssea que se caracteriza pela gradual substituição do tecido ósseo saudável por tecido fibroso. Essa condição é de origem idiopática e pode afetar tanto a maxila quanto a mandíbula, seja de forma isolada ou em um grupo de dentes.


De forma geral, as lesões fibro-ósseas apresentam características radiográficas distintas conforme sua maturação, ou seja, sua idade. Lesões mais recentes tendem a parecer predominantemente radiolúcidas (com baixa densidade); lesões em estágios intermediários têm uma aparência de densidade mista (com áreas radiopacas e radiolúcidas); enquanto lesões antigas são principalmente radiopacas (com alta densidade).


É importante destacar que a DCOP é uma condição autolimitante, o que significa que quando atinge seu estágio final de maturação, não causa um aumento significativo no volume do osso cortical adjacente. Além disso, os dentes afetados pela DCOP geralmente respondem positivamente ao teste de vitalidade pulpar.


Diagnóstico:


A Displasia Cemento-Óssea Periapical pode ser dividida em três fases distintas, cada uma com características radiográficas únicas. Na primeira fase, a imagem radiográfica parece radiolúcida, o que se assemelha à aparência do osso reabsorvido idêntico a problemas de necrose pulpar. No entanto, é importante notar que, nessa fase, o dente ainda mantém sua vitalidade pulpar, ou seja, o tecido pulpar está vivo.


Na terceira fase, a imagem radiográfica se assemelha muito à hipercementose, que é um aumento anormal de tecido duro ao redor da raiz do dente.


A segunda fase é a mais desafiadora em termos de diagnóstico preciso, pois suas características radiográficas não são tão distintas quanto as das outras fases. Portanto, é necessário um exame mais minucioso para determinar com precisão em qual fase a displasia se encontra.


Fases da Displasia cemento óssea periapical.


Fase 1- Osteolística.


Na primeira fase da Displasia Periapical Osteolítica (DPOC), ocorre a lise óssea, o que significa que há uma degradação do osso. Quando olhamos essa fase nas radiografias, ela aparece principalmente como uma área radiolúcida, ou seja, uma área mais escura nas imagens. Radiograficamente, essa fase se parece muito com uma rarefação óssea periapical causada por inflamação.


A diferença clínica importante entre a DPOC e uma simples rarefação óssea periapical é que, na DPOC, o dente afetado ainda mantém sua vitalidade pulpar. Isso significa que, apesar da aparência semelhante nas radiografias, o dente na DPOC ainda possui nervos vivos, ao contrário da rarefação óssea periapical, onde o dente afetado não tem vitalidade pulpar.



Fase inicial da Osteolística no 2 molar que apresenta com vitalidade pulpar positiva dentro da normalidade.
Fase inicial da Osteolística no 2 molar que apresenta com vitalidade pulpar positiva dentro da normalidade.


Fase 2 - Cementoblástica.


Na segunda fase da Displasia Cemento-Óssea Periapical, chamada de fase Cementoblástica, estamos em um estágio intermediário. Nessa fase, quando olhamos as radiografias ou tomografias, vemos uma mistura de densidades. Isso indica que, no momento da imagem, o tecido ósseo está sendo gradualmente substituído por tecido fibroso de forma contínua. É como se estivesse ocorrendo uma transição na estrutura do tecido, tornando a interpretação radiográfica mais complexa do que nas fases extremas da displasia.

Segue abaixo exemplos tomográficos da fase cementoblástica.





Fase 3 - Maturação.


A terceira fase da Displasia Cemento-Óssea Periapical é a fase de Maturação, que é o estágio final desse processo. Neste estágio, ocorre a máxima acumulação de tecido fibroso na região periapical. Quando observamos as imagens radiográficas ou tomográficas, vemos predominantemente uma imagem radiopaca, o que significa que essa área aparece muito densa. Essa densidade é envolta por uma área radiolúcida, ou seja, uma área mais clara ao redor, que forma como um halo. Nessa fase, podemos observar toda a extensão da raiz do dente de forma bastante clara nas imagens. É o estágio em que a displasia cemento-óssea atinge seu máximo desenvolvimento.



2 Pré-molar em fase de maturação da displasia cemento-óssea, o dente apresenta com vitalidade pulpar dentro da normalidade.
2 Pré-molar em fase de maturação da displasia cemento-óssea, o dente apresenta com vitalidade pulpar dentro da normalidade.



Tratamento:


Após o tratamento, é importante realizar exames radiográficos e testes de sensibilidade a cada 6 meses, mas apenas para monitoramento. Uma vez que a condição esteja estabilizada, a frequência desses controles pode ser reduzida para uma vez por ano.



Perguntas Frequentes (FAQ) sobre Displasia Cemento-Óssea Periapical


O que é displasia cemento-óssea periapical?

A displasia cemento-óssea periapical é uma lesão fibro-óssea benigna que se desenvolve na região periapical de dentes, caracterizada pela substituição do osso normal por tecido fibroso com depósitos de material cemento-ósseo. Não é uma lesão inflamatória de origem endodôntica.

Em que região e em quais pacientes ela é mais frequente?

Ela ocorre com maior frequência na região anterior de mandíbula, acometendo principalmente mulheres de meia-idade. Muitas vezes é um achado radiográfico de rotina, em pacientes assintomáticos.


Como diferenciar displasia cemento-óssea periapical de lesões endodônticas inflamatórias?

Na displasia cemento-óssea periapical, os dentes envolvidos geralmente permanecem vitais, sem história de cárie profunda ou trauma compatível com necrose pulpar. Radiograficamente, a lesão evolui de uma fase radiolúcida para um aspecto misto e, por fim, radiopaco com halo radiolúcido, ao contrário das lesões inflamatórias clássicas de origem pulpar.


A polpa dos dentes acometidos está comprometida?

Não. Na displasia cemento-óssea periapical, a polpa dos dentes envolvidos costuma estar normal e vital. Por isso, não há indicação de tratamento endodôntico nesses dentes, desde que os testes de vitalidade e o contexto clínico confirmem a integridade pulpar.


Qual é o tratamento indicado para displasia cemento-óssea periapical assintomática?

Na forma assintomática e típica, não é necessário tratamento cirúrgico nem endodôntico. O manejo é conservador, com acompanhamento clínico-radiográfico periódico, boa higiene oral e controle de fatores que possam predispor a infecção.


Quando pode haver necessidade de intervenção?

A intervenção está indicada apenas quando há infecção secundária, dor, exposição da área à cavidade oral, osteomielite associada ou suspeita diagnóstica que exija biópsia. Mesmo nesses casos, o planejamento deve ser conservador e bem criterioso, evitando procedimentos invasivos desnecessários.


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