Nódulos Pulpares: Como Reconhecer, Diferenciar de Lesões Periapicais e Tomar a Decisão Clínica Correta
- Endotoday

- 8 de abr. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: há 2 dias
Nódulos pulpares são achados radiográficos comuns, mas frequentemente interpretados de forma equivocada. A consequência é clara: condutas desnecessárias, tratamentos iniciados sem indicação e decisões baseadas em suposições. O erro clínico mais comum é confundir um nódulo pulpar com lesões periapicais de origem inflamatória.
Neste guia, você vai aprender como reconhecer um nódulo pulpar, diferenciar de patologias similares, interpretar corretamente sua relevância clínica e tomar decisões fundamentadas em evidências
Afinal o que são nódulos pulpares ?
Um nódulo pulpar, também conhecido como pulpólito, é uma formação calcificada que pode se desenvolver dentro da câmara pulpar do dente ou em seus canais radiculares. Para entender melhor o que isso significa, vamos descompactar alguns desses termos e conceitos:
Câmara pulpar: É um espaço interno no dente onde se localiza a polpa dentária. A polpa é um tecido mole que contém nervos, vasos sanguíneos e tecido conjuntivo, essencial para a saúde e nutrição do dente.
Canais radiculares: São canais finos e ramificados que se estendem desde a câmara pulpar até a ponta da raiz do dente. Eles também contêm polpa dentária.
Um nódulo pulpar forma-se quando os minerais presentes na saliva ou no sangue se depositam e se cristalizam na polpa dentária. Esse processo pode ocorrer devido a diversos fatores, incluindo envelhecimento, traumas dentários, ou como reação a infecções crônicas. Essas calcificações podem variar em tamanho, forma e localização, e são mais comuns em dentes que sofreram algum tipo de dano ou desgaste ao longo do tempo.
Como os nódulos pulpares afetam o dente?
Embora muitos nódulos pulpares não apresentem sintomas e sejam descobertos acidentalmente em exames radiográficos de rotina, eles podem, em alguns casos, levar a complicações. Por exemplo:
Obstrução dos canais radiculares: Nódulos grandes podem bloquear o acesso ou a limpeza dos canais durante tratamentos endodônticos (tratamento de canal), complicando ou até impedindo a realização desses procedimentos.
Dor: Se um nódulo pulpar pressionar contra os nervos dentro do dente, pode causar dor, especialmente se o dente for submetido a mudanças de temperatura ou pressão.
Diagnóstico e Tratamento
Nódulos pulpares são geralmente identificados por meio de exames de imagem, como radiografias periapicais. O tratamento pode não ser necessário se o nódulo não estiver causando sintomas ou interferindo com a saúde geral do dente. No entanto, em casos onde o nódulo pulpar está obstruindo o tratamento endodôntico ou causando dor, pode ser necessário remover a calcificação.
Entender o que são nódulos pulpares é importante tanto para profissionais da saúde dental quanto para pacientes, pois oferece insights sobre uma das muitas condições que podem afetar a saúde interna dos dentes, enfatizando a importância de cuidados regulares e avaliações dentárias.
Caso clínico:
Ao analisarmos a radiografia inicial (figura 1)do caso em questão, é possível notar claramente a presença de um nódulo pulpar obstruindo as entradas dos canais. O desafio aqui é remover essa obstrução sem danificar a estrutura dental circundante.
Embora as fresas endodônticas sejam ferramentas comumente utilizadas em situações como essa, elas apresentam um risco significativo de perfuração, especialmente em contextos delicados como este. Para evitar tal risco, optamos por uma abordagem mais segura e precisa: o uso do ultrassom endodôntico.
Neste caso, utilizaremos o ultrassom Optymus da CVDentus, um equipamento de ponta desenhado especificamente para a endodontia. O ultrassom permite uma remoção precisa do nódulo pulpar, minimizando o risco de danos ao dente. Esta tecnologia avançada oferece uma série de benefícios, incluindo uma maior precisão na remoção de obstruções e uma redução significativa no risco de perfuração acidental da estrutura dental.
Portanto, através da utilização cuidadosa e estratégica do ultrassom Optymus, é possível assegurar a remoção eficaz do nódulo pulpar, garantindo um acesso limpo e desobstruído aos canais radiculares. Esse procedimento não apenas facilita o tratamento subsequente, como também contribui para a preservação da saúde e estrutura do dente afetado, um aspecto crucial para o sucesso a longo prazo do tratamento endodôntico.
Sequência clínica:
1. Realização da Radiografia Inicial:
Este passo é crucial para avaliar a estrutura interna do dente, identificando a localização exata do nódulo pulpar e planejando a abordagem de remoção.
2. Administração de Anestesia:
Utilização de articaína a 4% para garantir que o procedimento seja indolor, proporcionando conforto ao paciente durante o tratamento.
3. Abertura Coronária:
Este procedimento envolve a abertura da parte superior do dente para fornecer acesso à câmara pulpar.
4. Isolamento Absoluto do Campo Operatório:
Aplicação de técnicas de isolamento, como o uso de lençol de borracha, para prevenir a contaminação, acompanhado da desinfecção da área com clorexidina a 2%.
5. Irrigação da Câmara Pulpar:
Utilização de hipoclorito de sódio a 2,5% para limpar a câmara pulpar, eliminando detritos e desinfectando o interior do dente.
6. Remoção do Nódulo Pulpar:
A técnica de remoção de um nódulo pulpar é um procedimento delicado que exige precisão e cuidado por parte do profissional. Este processo pode ser detalhado da seguinte forma, enfatizando cada etapa crítica para garantir a eficácia e segurança do procedimento:
1. Seleção da Ferramenta Adequada: A escolha da ponta diamantada T1F-E da CVdentus, especificamente projetada para ser usada com o ultrassom Optymus, é essencial para a eficiência e precisão da remoção. Esta ferramenta permite um contato suave e controlado com a polpa e o nódulo pulpar.
2. Ajuste do Equipamento: O ultrassom Optymus deve ser ajustado para uma potência de nível 4. Este nível de potência é otimizado para combinar eficácia na remoção com a segurança para evitar danos ao dente. A irrigação é configurada para o nível máximo para assegurar a remoção contínua de detritos e a manutenção da temperatura ideal na área de trabalho.
3. Posicionamento e Movimento:
Início na Interface: A remoção inicia-se pela delicada contornação da linha onde a parede da câmara pulpar encontra a borda do nódulo pulpar. Este processo requer uma mão firme e movimentos precisos para evitar danos às estruturas dentárias circundantes.
Foco nas Áreas Proximais: Especial atenção é dada às áreas proximais (mesial ou distal) do dente. Estas áreas são prioritárias devido à sua acessibilidade e à menor probabilidade de causar danos quando comparadas às faces vestibular e lingual.
4. Redução de Intensidade nas Faces Vestibular e Lingual: Ao trabalhar nas faces vestibular e lingual da câmara pulpar, a intensidade do procedimento é reduzida. Esta precaução minimiza o risco de lesões nas áreas mais sensíveis e delicadas do dente.
5. Criação de Espaço para Liberação: Com movimentos cuidadosos e a constante irrigação, um espaço é gradualmente criado ao redor do nódulo pulpar. Este espaço é essencial para permitir que o nódulo "salte" para fora, liberando assim o acesso aos canais radiculares.
6. Observação e Ajustes: Durante o procedimento, o profissional deve estar atento à resposta do dente e do nódulo à remoção, ajustando a técnica conforme necessário. Isso pode incluir modificações na pressão aplicada, na angulação da ponta, ou mesmo pausas breves para avaliar o progresso.
7. Finalização e Avaliação: Uma vez que o nódulo pulpar é removido, é importante fazer uma avaliação final da câmara pulpar e dos canais radiculares para garantir que todo o material indesejado foi eliminado e que o dente está pronto para os próximos passos do tratamento endodôntico.
Este detalhamento da técnica de remoção não apenas facilita a compreensão do procedimento, mas também reforça a importância da habilidade, do cuidado e da atenção aos detalhes por parte do endodontista para garantir um resultado bem-sucedido e seguro para o paciente.
Clique na imagem para ampliar.
Perguntas Frequentes (FAQ) sobre Nódulos Pulpares
O que são nódulos pulpares?
Nódulos pulpares são calcificações localizadas na câmara pulpar ou nos canais radiculares. Podem surgir como resposta a irritação crônica, envelhecimento, trauma dentário ou lesões cariosas profundas.
Nódulos pulpares causam dor?
Geralmente não. A maioria é assintomática e descoberta incidentalmente em radiografias ou durante o acesso endodôntico. Sintomas estão associados apenas quando existe inflamação pulpar concomitante.
Quando os nódulos pulpares dificultam o tratamento endodôntico?
Quando ocupam a câmara ou bloqueiam parcialmente a entrada dos canais, tornando a localização dos orifícios mais difícil e aumentando o risco de desgastes excessivos, desvios e perfurações.
Como remover nódulos pulpares com segurança?
A remoção deve ser realizada sob magnificação, com pontas ultrassônicas delicadas, irrigação abundante e exploração controlada do assoalho, preservando estrutura dentinária e evitando iatrogenias.
A CBCT é indicada na avaliação de nódulos pulpares?
Sim. A CBCT ajuda a determinar a extensão da calcificação, inclinações radiculares e possíveis desvios, facilitando o planejamento do acesso endodôntico.
Nódulos pulpares em dentes vitais e assintomáticos precisam de tratamento?
Não. Quando o dente é vital e não apresenta sintomas, nódulos pulpares não requerem intervenção. A remoção só é necessária se houver indicação endodôntica.
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