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Implante ou Endodontia? Uma Decisão Multidisciplinar.

Preservar o Dente Natural ou Optar pelo Implante? Fatores Fundamentais na Tomada de Decisão Clínica ou seja implante ou endodontia .


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Uma das maiores questões da odontologia contemporânea é a decisão entre preservar o dente natural por meio do tratamento endodôntico ou extrair e substituir por um implante unitário ou seja implante ou endodontia. Apesar dos avanços em ambas as técnicas, a literatura aponta que não existe diferença significativa no prognóstico a longo prazo entre dentes tratados endodonticamente e implantes unitários restaurados. Dessa forma, a escolha do procedimento ideal deve ser baseada em critérios clínicos, biológicos, funcionais e nas necessidades do paciente.


Prognóstico Restaurador: O Dente É Realmente Irrecuperável?

Um checklist de restaurabilidade antes de optar pela extração.
Estrutura remanescente ≥ 2 mm de altura de parede coronal?
Não há perfurações, fraturas radiculares ou mobilidade grave?
Suporte periodontal estável?

Fatores-Chave para a Tomada de Decisão Implante ou Endodontia


  1. Restaurabilidade Protética do Dente

    • A viabilidade de restaurar adequadamente o dente natural é fundamental. Dentes com estrutura remanescente suficiente e possibilidade de vedação coronal adequada tendem a apresentar excelentes resultados após o tratamento endodôntico.


  2. Qualidade Óssea e Condições Sistêmicas

    • O sucesso dos implantes depende fortemente da qualidade óssea local e do estado sistêmico do paciente. Pacientes diabéticos ou fumantes apresentam maiores taxas de complicações tanto para implantes quanto para dentes tratados endodonticamente, devendo ser considerados individualmente.


  3. Demandas Estéticas

    • Em regiões de alta exigência estética, a preservação do dente natural, quando possível, costuma proporcionar melhores resultados em relação ao perfil gengival e papilar, além de menor risco de recessões indesejáveis.


  4. Custo-Benefício e Frequência de Complicações

    • Implantes unitários, em geral, apresentam custo superior ao tratamento endodôntico e são associados a maior incidência de intervenções pós-operatórias, como afrouxamento de componentes protéticos e necessidade de reabilitação de coroas. Estudos apontam que implantes demandam até 5 vezes mais intervenções pós-tratamento do que dentes tratados endodonticamente.


  5. Sobrevida e Sucesso: Diferentes Perspectivas

    • Tanto dentes tratados endodonticamente quanto implantes apresentam taxas de sobrevida próximas de 94%–95% após acompanhamento de 5 a 8 anos. No entanto, critérios de sucesso variam entre as áreas: em endodontia, incluem-se critérios radiográficos e clínicos rigorosos; já em implantodontia, muitas vezes considera-se apenas a permanência do implante em boca.


  6. Importância da Restauração Coronaria

    • Dentes tratados endodonticamente que recebem restauração coronaria definitiva, especialmente com cobertura total, apresentam taxas de sobrevida significativamente superiores em relação aos dentes sem proteção adequada.


  7. Complicações Específicas

    • Implantes estão mais associados a complicações protéticas e peri-implantares, enquanto dentes naturais tratados podem demandar retratamento endodôntico ou cirurgia periapical em casos de insucesso.



Conclusão e Recomendações

O tratamento endodôntico representa uma alternativa viável, segura e econômica para preservação do dente natural em uma ampla gama de casos. O implante dental, por sua vez, é uma excelente opção quando o prognóstico do dente é reservado ou inviável.



A decisão deve ser individualizada e baseada em:

  • Prognóstico restaurador e periodontal do dente;

  • Qualidade óssea local e fatores sistêmicos do paciente;

  • Exigências estéticas e funcionais;

  • Custo e expectativa de manutenção a longo prazo;

  • Preferências e expectativas do paciente, devidamente informadas sobre riscos e benefícios.


RESUMO GRÁFICO


Sobrevida em 8 anos:

Implante: 94%–95%

Endodontia com coroa: 94%–97%

Custo; Implante: até 400% maior

Endodontia: menor custo inicial e manutenção


Perda de dentes tratados endodonticos

Taxa de sucesso ao longo dos anos

DICA DE OURO PARA O CLÍNICO

A decisão não deve ser baseada apenas na longevidade, mas sim em um conjunto de fatores:

  • Capacidade restauradora

  • Saúde geral do paciente

  • Expectativa estética

  • Custo e acessibilidade

  • Preferência do paciente

Salve dentes sempre que o prognóstico restaurador e periodontal for favorável. Reserve implantes para situações de falência real (“end-stage tooth failure”). O melhor tratamento é sempre aquele que considera ciência, contexto clínico e a individualidade do paciente

O consenso atual da literatura é claro: a escolha entre tratar endodonticamente ou reabilitar com implante deve ser multidisciplinar e centrada no paciente, reservando o implante principalmente para casos de “end-stage tooth failure” — ou seja, dentes sem possibilidade de restauração previsível.


Referência

Iqbal, M. K., & Kim, S. (2008). Review of Factors Influencing Treatment Planning Decisions of Single-tooth Implants versus Preserving Natural Teeth with Nonsurgical Endodontic Therapy. Journal of Endodontics, 34(5), 519-529. https://doi.org/10.1016/j.joen.2008.01.002


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