Implante ou Endodontia? Uma Decisão Multidisciplinar.
- Endotoday
- há 3 dias
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Preservar o Dente Natural ou Optar pelo Implante? Fatores Fundamentais na Tomada de Decisão Clínica ou seja implante ou endodontia .

Uma das maiores questões da odontologia contemporânea é a decisão entre preservar o dente natural por meio do tratamento endodôntico ou extrair e substituir por um implante unitário ou seja implante ou endodontia. Apesar dos avanços em ambas as técnicas, a literatura aponta que não existe diferença significativa no prognóstico a longo prazo entre dentes tratados endodonticamente e implantes unitários restaurados. Dessa forma, a escolha do procedimento ideal deve ser baseada em critérios clínicos, biológicos, funcionais e nas necessidades do paciente.
Prognóstico Restaurador: O Dente É Realmente Irrecuperável?
Um checklist de restaurabilidade antes de optar pela extração.
Estrutura remanescente ≥ 2 mm de altura de parede coronal?
Não há perfurações, fraturas radiculares ou mobilidade grave?
Suporte periodontal estável?
Fatores-Chave para a Tomada de Decisão Implante ou Endodontia
Restaurabilidade Protética do Dente
A viabilidade de restaurar adequadamente o dente natural é fundamental. Dentes com estrutura remanescente suficiente e possibilidade de vedação coronal adequada tendem a apresentar excelentes resultados após o tratamento endodôntico.
Qualidade Óssea e Condições Sistêmicas
O sucesso dos implantes depende fortemente da qualidade óssea local e do estado sistêmico do paciente. Pacientes diabéticos ou fumantes apresentam maiores taxas de complicações tanto para implantes quanto para dentes tratados endodonticamente, devendo ser considerados individualmente.
Demandas Estéticas
Em regiões de alta exigência estética, a preservação do dente natural, quando possível, costuma proporcionar melhores resultados em relação ao perfil gengival e papilar, além de menor risco de recessões indesejáveis.
Custo-Benefício e Frequência de Complicações
Implantes unitários, em geral, apresentam custo superior ao tratamento endodôntico e são associados a maior incidência de intervenções pós-operatórias, como afrouxamento de componentes protéticos e necessidade de reabilitação de coroas. Estudos apontam que implantes demandam até 5 vezes mais intervenções pós-tratamento do que dentes tratados endodonticamente.
Sobrevida e Sucesso: Diferentes Perspectivas
Tanto dentes tratados endodonticamente quanto implantes apresentam taxas de sobrevida próximas de 94%–95% após acompanhamento de 5 a 8 anos. No entanto, critérios de sucesso variam entre as áreas: em endodontia, incluem-se critérios radiográficos e clínicos rigorosos; já em implantodontia, muitas vezes considera-se apenas a permanência do implante em boca.
Importância da Restauração Coronaria
Dentes tratados endodonticamente que recebem restauração coronaria definitiva, especialmente com cobertura total, apresentam taxas de sobrevida significativamente superiores em relação aos dentes sem proteção adequada.
Complicações Específicas
Implantes estão mais associados a complicações protéticas e peri-implantares, enquanto dentes naturais tratados podem demandar retratamento endodôntico ou cirurgia periapical em casos de insucesso.
Conclusão e Recomendações
O tratamento endodôntico representa uma alternativa viável, segura e econômica para preservação do dente natural em uma ampla gama de casos. O implante dental, por sua vez, é uma excelente opção quando o prognóstico do dente é reservado ou inviável.
A decisão deve ser individualizada e baseada em:
Prognóstico restaurador e periodontal do dente;
Qualidade óssea local e fatores sistêmicos do paciente;
Exigências estéticas e funcionais;
Custo e expectativa de manutenção a longo prazo;
Preferências e expectativas do paciente, devidamente informadas sobre riscos e benefícios.
RESUMO GRÁFICO
Sobrevida em 8 anos:
Implante: 94%–95%
Endodontia com coroa: 94%–97%
Custo; Implante: até 400% maior
Endodontia: menor custo inicial e manutenção


DICA DE OURO PARA O CLÍNICO
A decisão não deve ser baseada apenas na longevidade, mas sim em um conjunto de fatores:
Capacidade restauradora
Saúde geral do paciente
Expectativa estética
Custo e acessibilidade
Preferência do paciente
Salve dentes sempre que o prognóstico restaurador e periodontal for favorável. Reserve implantes para situações de falência real (“end-stage tooth failure”). O melhor tratamento é sempre aquele que considera ciência, contexto clínico e a individualidade do paciente
O consenso atual da literatura é claro: a escolha entre tratar endodonticamente ou reabilitar com implante deve ser multidisciplinar e centrada no paciente, reservando o implante principalmente para casos de “end-stage tooth failure” — ou seja, dentes sem possibilidade de restauração previsível.
Referência
Iqbal, M. K., & Kim, S. (2008). Review of Factors Influencing Treatment Planning Decisions of Single-tooth Implants versus Preserving Natural Teeth with Nonsurgical Endodontic Therapy. Journal of Endodontics, 34(5), 519-529. https://doi.org/10.1016/j.joen.2008.01.002
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